ARGENTINA – O RECOMEÇO ECONÔMICO.

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No dia 10 de Dezembro de 2015 foi empossado o novo presidente da Argentina, Maurício Macri e apesar de parecer mais uma troca de mandatos comum em qualquer país, a eleição de um presidente que também é empresário foi bastante significativa na Argentina, comandada até então pela ex-presidente Cristina Kirchner, uma forte defensora do populismo.

Nada contra, é claro, às políticas adotadas pela ex-presidente que envolve a redistribuição de renda. Muito pelo contrário, eu sou a favor de ajuda às populações de baixa renda, porém a situação para qual caminhou a Argentina nos dois últimos mandatos da presidente Kirchner (mais o de seu marido Nestor Kirchner) trouxe um cenário de degradação econômica no país.

Para se ter uma ideia da atual situação de nossos Hermanos, podemos listar alguns itens que demonstram como anda a sua economia:

a) Crise econômica e calote internacional:

Desde a virada para o século XXI que a Argentina estava em apuros econômicos com o crescimento de sua dívida pública, desemprego e instabilidade política. Com uma dívida de aproximadamente US$ 100 bilhões de dólares a pagar e sem disponibilidades para quitar tal valor, o país anunciou em 2001 um calote internacional onde justificava não ser possível realizar o pagamento de suas obrigações.

Com a sinalização de problemas em sua economia, o mercado financeiro se assustou com a possibilidade do país em não honrar mais nenhum pagamento e a saída de dólares e investimentos estrangeiros levou a Argentina à redução de suas reservas internacionais que passaram de US$ 26 Bi em 1999 para pouco mais de US$ 10 Bi em 2002, além da desconfiança na compra de produtos argentinos para exportação (principalmente commodities).

b) Inflação:

A inflação foi uma das piores causas da deterioração econômica do país. Segundo o governo ela estava em aproximadamente 11% em 2013 (o que já é considerado potencialmente alto), porém o que se dizia em agências de análises independentes é que a inflação já havia rompido a barreira dos 25% há muito tempo. Alguns produtos como a carne ou o mate (utilizado como matéria-prima de bebida típica) chegaram a ter um aumento acima dos 2.000% entre 2003 e 2015. Com isso, a correção salarial era elevada, porém não suficiente para acompanhar os preços dos produtos e serviços que subiam constantemente.

Desse modo, o governo encontrou duas “soluções” para conter a alta dos preços: i.) o congelamento dos preços de produtos básicos e ii.)  a impressão de mais moeda foi a… o que gerou mais e mais inflação.

c) Câmbio:

Com o calote de 2001 a saída de dólares da Argentina foi galopante e seguindo as leis de oferta e demanda, quanto menor a oferta de dólares na economia, maior será a sua cotação. O peso argentino se desvalorizou em enorme proporção frente ao dólar o que levou o governo a congelar cotações e criar impeditivos para que a população utilizasse dólar no exterior, impedindo que saíssem cada vez mais divisas do país.

Para se proteger da desvalorização do peso argentino, a população começou a realizar suas poupanças na moeda norte-americana, protegendo-se também da inflação cada vez mais elevada. Desse modo o governo atacou o problema da pior maneira possível, restringindo a compra e venda de dólares nas casas de câmbio, o que resultou num forte mercado paralelo com cotações de dólares acima das estatísticas oficiais do governo, chegando haver 4 cotações diferentes no mesmo país.

d) Censura à imprensa:

Em guerra declarada à imprensa, uma vívida crítica ao governo Kirchner, a presidente impôs uma lei de controle de mídia, onde segundo ela representava uma defesa aos interesses dos telespectadores onde não permitia a criação de monopólios.

No entanto, o que se diz entre as principais empresas do país, é que a presidente estava tentando diminuir o alcance dos principais grupos de telecomunicações da Argentina como uma forma de represália ao principal jornal argentino, o Clarín.

O que propõem Macri?

Após a entrada do novo presidente a Argentina deu uma guinada de esperança econômica com propostas mais liberais e voltadas para a regularização da economia do país. Uma das primeiras medidas tomadas foi o corte de subsídios nas contas de energia e água, elevando temporariamente o valor das contas que eram represadas pelo governo, prejudicando o déficit primário. Também foi realizada a liberação do controle cambial, trazendo realidade à taxa de câmbio argentino, encerrando de vez as demais cotações paralelas.

Ele também prometeu realizar novas negociações com os credores sobre a dívida ainda em aberto do calote de 2001. Paralisada durante o governo de Cristina Kirchner o embate entre o governo e fundos “abutres” americanos levou ao impasse sobre o valor a ser restituído. Mais de 90% dos credores aceitaram a proposta de pagamento dos valores em aberto, porém fundos detentores de dívidas acharam o valor de desconto elevado e entraram na justiça americana contra. Deste modo, até que ambas as partes aceitam os novos termos, a Argentina continua considerada uma “caloteira” no mercado internacional.

Sobre o Mercosul, Macri afirma querer retomar o desenvolvimento de um bloco econômico forte e cooperativo com os países membros alinhando expectativas. Com a revisão de acordos pré-determinados, Macri vai abrir o mercado argentino para novos investimentos estrangeiros (principalmente chineses). Com investimentos nas mais diversas áreas realizados por empresas privadas (estrangeiras e nacionais), o governo pretende modernizar a indústria e a infraestrutura argentina e ao mesmo tempo tirar das costas do governo a responsabilidade por mais gastos.

O presidente também defende a criação de um livre comércio entre os membros do bloco a fim de dar novo gás aos produtos argentinos, evitando as barreiras protecionistas que os países membros possuem entre si atualmente, algo impensável em uma esfera de bloco econômico.

O que esperar de Macri?

Apesar de estar a pouco mais de dois meses em mandato vigente, o novo presidente argentino mostrou a que veio e quais será sua posição frente os problemas atuais de seu país. Com medidas consideradas agressivas por parte dos analistas econômicos, Macri pretende arrumar a casa no âmbito econômico logo no seu primeiro ano de mandato para ter posteriormente tempo suficiente de trabalhar em propostas de crescimento.

Esperamos com sinceros votos de confiança que Macri atenda as expectativas postas sobre ele e que a retomada do crescimento argentino possa ajudar o Brasil a crescer novamente e a sair desta crise atual! Se gostou do artigo, não deixe de compartilhar!!

Até a próxima!

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