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O título deste artigo é estranho. É provocador e te faz pensar.
“Poxa Denis, como assim pessoas geram crises? São os sistemas que geram crises… o sistema capitalista principalmente!!”
Ah, é o sistema capitalista, mal gerido (por pessoas), que escraviza (as pessoas), que limita (as pessoas) e que é mantido (por pessoas)?
“É, esse mesmo!”
Pessoas geram crises financeiras.
Imagine a seguinte situação (eu adoro este exemplo (até porque eu mesmo o criei na pós-graduação)):
“Em uma certa cidade pacata, há uma via principal que quase todos da cidade utilizam para chegarem ao seu trabalho. Todo dia você dirige nela e chega no trabalho em 20 minutos. Pois bem. Em um dia normal, você está dirigindo nela como sempre quando se depara com um acúmulo de carros que está paralisando todo o trânsito. Você fica nervoso e frustrado, pois vai se atrasar para o trabalho.
Seu carro vai andando de pouco em pouco até quando você visualiza um único carro dando o sinal de “pisca alerta” encostado na calçada. Todos estão passando mais lentamente ao lado deste carro e virando a cabeça pra ver o que aconteceu. A curiosidade lhe fisga e você também diminui para ver o que aconteceu com o azarado motorista.
Depois de 50 minutos de trânsito, você passa o carro e encontra o caminho fluindo bem, com os carros andando normalmente e aparentemente sem nenhum motivo para todo aquele estardalhaço e congestionamento.
Em resumo, é isto que acontece quando se tem uma crise econômica.”
Explicando o conceito de uma crise financeira.
Conseguiu pegar o conceito da logica no exemplo? É bem simples.
Primeiro vamos dimensionar você como a economia de um país X, o carro quebrado como a economia de um país Y, e o trânsito como uma crise.
Segundo, devemos entender que o conceito básico de uma crise é “quando em determinada nação há um número maior de agentes pessimistas em relação aos otimistas”.
Juntando estes dois conceitos, temos a lógica do exemplo:
Antes de uma crise estourar, aparentemente está tudo bem (assim como você dirigindo normalmente para o trabalho). De repente alguma coisa que foge da ordem natural afeta um cenário e no começo poucos entendem o que está acontecendo (igual quando você visualizou o trânsito). Depois que os países viram o que alterou o cenário (o carro parado na calçada), eles começam a diminuir sua atividade econômica por conta do receio de uma recessão (que nem quando você reduziu a velocidade do carro), e depois de um determinado tempo, as economias voltam a crescer (ou o fluxo de carros voltam ao normal).
Então a crise só acontece quando os países são afetados psicologicamente pelos efeitos de temor dela?
Sim e não. Há diversos fatores que geram uma crise, porém em sua maioria o que potencializa o poder de destruição delas é o medo dos Governos de entrarem em uma recessão econômica e perderem poder financeiro.
Como o governo é administrado por pessoas, são essas pessoas que acabam tomando medidas que brecam ainda mais o giro da economia, como cortar o crédito às empresas e consumidores, criar barreiras protecionistas, elevar impostos e diminuir o investimento.
Outro exemplo para ajudar…
Analise estes dois cenários:
“João enquanto toma café da manhã ouve o noticiário no rádio dizendo que estourou uma crise nos EUA. João então pensa… que raios eu tenho haver com isso? Então João vai para o seu mercadinho, abre as portas e começa a vender seus produtos. Ele compra carne do Paulo do açougue, pão do Manuel da padaria, grãos do Pedro do bazar e paga seus 10 funcionários ao fim do dia.”
“João enquanto toma café da manhã ouve o noticiário no rádio dizendo que estourou uma crise nos EUA. João então pensa…Essa crise vai estourar toda a economia por aqui! Então João vai para o seu mercadinho, abre as portas e começa a cortar custos. Ele compra menos carne do Paulo do açougue, menos pão do Manuel da padaria, nem compra grãos do Pedro do bazar e demite 5 de seus 10 funcionários”
Perá lá! Na primeira situação o João ao não ser afetado psicologicamente pela notícia continua com suas atividades e gira a economia do modo que sempre o fez.
Já na segunda situação, ao diminuir gastos, comprar menos estoque e ainda demitir funcionários, João diminuiu o fluxo de dinheiro rodando na economia, fez com que os outros comerciantes seguissem seu comportamento e ainda deixou 5 pessoas sem renda, o que vai diminuir o consumo (como no mercadinho de João) e vai girar uma bola de neve.
Entendeu? Uma crise está estabelecida quando a população de uma nação assim acreditar. E ela geralmente acredita, pois quem distribui as notícias (meios de comunicações e Governo) tem a confiança destas pessoas, assim fazendo elas comprarem a ideia!
“Mas Denis, isso significa que a crise nunca existiu?”
Não, pode haver realmente uma crise, como realmente houve uma crise de crédito nos EUA em 2008, mas o fato do alarde do Governo sobre o assunto foi quem potencializou todo o problema.
Repare que não estou dizendo que crises não existem… estou apenas tentando demonstrar como a psicologia humana afeta uma situação crítica. No caso de economia, essa psicologia se chama Finanças comportamentais.
Gostou do tema? Então aguardo os próximos artigos que irão te ajudar a entender melhor sobre a psicologia humana interferindo o cenário econômico.
Se quiser ler mais sobre crises veja:
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Até a próxima!
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Ótimo texto, simples, objetivo e verdadeiro, concordo plenamente que os fatores psicológicos comportamentais influenciam maximizam os efeitos de uma “crise”…
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