SÉRIE IMPOSTOS – COMO O GOVERNO INFLUENCIA AS COISAS?

Tempo de leitura: 6 minutos

No último artigo sobre impostos vimos que o Estado pode influenciar as pessoas e as empresas coibindo-as e garantindo que elas façam o que lhe interessar. Através dos impostos, ele controla como, quando e quem vai dominar os mercados! Quer saber como? Vamos lá!

(Para ler a Parte 1 clique aqui e a Parte 2 clique aqui)

Campeões nacionais, as empresas escolhidas a dedo.

Você sabe como um banco ganha dinheiro? Ele pega emprestado o dinheiro de uma pessoa que tem certo capital sobrando (superavitária) e empresta a alguém que tem dinheiro faltando (deficitária).

Nesta operação ela paga ao depositante X% e quando empresta ela cobra XX%. A diferença de quanto ela paga e quanto ela cobra chama-se spread e é isso o ganho do banco.

Outra pergunta. Você sabe como uma empresa gira suas atividades? Ou ela o faz com capital dos próprios sócios, ou ela o faz com o capital de terceiros (bancos). A grande maioria das empresas faz na verdade um mix entre capital próprio e de terceiros.

Juntando agora as respostas das duas perguntas vamos entender como o Estado interfere no mercado. O governo possui seu próprio banco, o BNDES, e com ele o Estado financia as empresas que vem a ele solicitar dinheiro. Mas será que ele empresta para todas as empresas? A resposta é até óbvia.

Infelizmente em nosso país, grande parte das decisões são de cunho político, ou seja, tem que haver um “bônus” para o governo te ajudar. Sendo assim, é claro que ele não iria liberar dinheiro para qualquer empresa.

Repare que não estou falando da análise de crédito que todo banco faz para avaliar se uma empresa é capaz de tomar empréstimos e poder repagar. Estou dizendo das empresas que o governo decide financiar com viés de beneficiamento próprio.

O BNDES ao longo dos anos tem emprestado dinheiro a grandes empresas como Vale, Petrobrás, Ambev, TIM, Fiat, Ford, dentre outras. Esses empréstimos desembolsaram milhões e mais milhões de reais nas empresas que ele acredita serem campeãs e merecerem dinheiro para financiar grandes projetos.

Ora, há algo errado nisso?! Talvez sim!

A sigla do banco significa Bando Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social, então devemos crer que ele financia empresas com o objetivo de promover o emprego, melhoria de renda e condições dos brasileiros.

A grande crítica ao modelo, no entanto, diz que ele vem fazendo exatamente o contrário. Empresas como Ambev, Fiat e Ford já são suficientemente fortes para conseguir financiamentos no mercado de capitais, além de algumas delas serem multinacionais e terem acesso à capital estrangeiro barato.

Como as empresas que ele vem financiando já são autossuficientes, o BNDES estaria privando outras empresas menores de crescerem, prejudicando assim o livre mercado e a concorrência entre elas. O BNDES escolhe então as campeãs nacionais.

Outro ponto perigoso é que, assim como outros bancos, o BNDES também capta dinheiro de um lado e repassa a outro. Porém em seu caso, o BNDES capta dinheiro através do Tesouro Direto (um dos meios) e o faz de forma prejudicial (tão quanto os impostos).

Para incentivar os investidores a comprarem os títulos do Tesouro, o governo paga uma taxa um pouco acima da SELIC (hoje 11% a.a). No entanto, para emprestar dinheiro às empresas ele cobra algo em torno de 5% a 9%. Faça a conta, ele pega dinheiro a XX e empresta a X… isso trás prejuízo!

Muitos dizem que ele precisa fazer isso para melhorar a economia e infraestrutura do país, porém como ele anda emprestando dinheiro para empresas que já tem facilidade no acesso ao crédito, essa operação não faz tanto sentido assim.

Outro ponto negativo são os maus investimentos que o BNDES andou realizando. Para ler uma matéria sobre clique aqui.

E você sabe qual é o filho bastardo da proteção às empresas pelo governo? O monopólio.

Monopólio, o poder nas mãos de poucos.

(O tema monopólio já foi visto no artigo Clique aqui para ler).

Como você observou, o monopólio na maioria dos casos é nocivo ao mercado e aos consumidores, uma vez que sem concorrência as empresas tendem a determinar o preço em seus produtos/serviços do modo que bem entender.

O problema de quando o governo direciona seus recursos para determinadas empresas é que ele as está fomentando de forma desigual com recursos baratos, o que permite a elas obter menos custo e consequentemente maiores lucros.

Como as empresas menores não tem acesso a estes recursos, estas ficam obrigadas a ir ao mercado e pagar juros maiores, o que por vezes pode desestimular seus sócios e proprietários a continuarem com a empresa, agravando mais ainda a situação do monopólio. Perde-se o espírito empreendedor quando o Estado, de forma agressiva, entra em determinado mercado.

Sem freios, o governo pode alocar recursos que tirou de seus cidadãos (através de impostos) da forma que bem entender, sendo que às vezes, esta não é a melhor forma de alocação e tampouco é para as empresas mais eficientes. Sem um controle de eficiência o governo se vê livre para atuar aonde bem entender.

E se você acha que para por ai se enganou! Em empresas que o Estado domina não há incentivo para a produtividade de seus funcionários. As promoções de cargo ficam, em suma, limitadas à bajulação da pessoa certa e não do comprometimento do funcionário com seu serviço. É por isso que comumente vemos a população reclamando do atendimento dos serviços públicos.

Conclusão

Com tudo que foi dito nestes três artigos espero ter exposto, de forma clara, a teoria básica do liberalismo e algumas das minhas posições pessoais.

Temos que ter em mente que nós podemos mudar a atual situação do modelo econômico do país e por fim abandonar o modelo de paternalismo em que o governo manipula sua arrecadação como bem entende, sem consultar ninguém e ainda nos exigir cada vez mais em contribuições através dos tributos.

Um dos principais objetivos do modelo liberalista do livre mercado é permitir que as pessoas sejam livres para escolher aquilo que elas acreditam ser o melhor para elas, sofrendo as consequências ou recebendo as recompensas por suas escolhas. Eu acredito que o Estado deveria ser mais um norteador e regulador, fiscalizando práticas abusivas contra a liberdade, e não ele ser o principal coibidor do desenvolvimento do país.

Se gostou do nosso artigo sobre impostos não deixe de compartilhar com os amigos! E se quiser conhecer mais sobre a posição libertária sobre impostos, não deixe de acompanhar nossos outros artigos do blog!

Até a próxima!

5 Comentários





  1. Olá! Gosto muito de seus textos,queria entender mais de economia, pois gosto muito de política e vejo que tanto o poder econômico quanto político estão muito bem interligados. Queria saber se você pode me indicar alguns livros para ler que falam de um modo claro sobre os sistemas econômicos de um país e a relação deles com outros países. Grande abraço!

    Responder

    1. Fala Petrus… blz? É difícil indicar apenas um livro que aborde esse tema de forma direta, sendo que em sua grande maioria os livros retratam um pouco de tudo relacionado à economia. Uma dica de livro recente que eu li e gostei muito foi o livro “História do Futuro” da Miriam Leitão, um material que aborda a economia brasileira e mundial. Este livro encontra-se na sessão “Biblioteca em Casa” aqui do site…

      Espero ter ajudado. Abraços!

      Responder

Deixe uma resposta

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.