DERIVATIVOS – O QUE É? COMO FUNCIONA?

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Você já ouviu falar de derivativos? Sabe como eles funcionam? Se não, o artigo de hoje serve exatamente para você.

Derivativos – O que é?

Como seu próprio nome já nos diz, os derivativos são algo que derivam de alguma coisa, ou seja, dependem da movimentação, alteração ou flutuação de determinado item do qual ele deriva.

Derivativo é então um instrumento que depende de outras variáveis, que são utilizadas nas negociações dos contratos de Swaps, a Termo e Futuro (todos explicados detalhadamente abaixo).

Os contratos de derivativos podem ser negociados de dois modos:

1º: Bolsa de valores:

Geralmente utilizado para a negociação dos contratos futuros, pois estes possuem uma padronização, o que leva ele a ter maior liquidez porque quando este é padronizado se torna mais fácil negociá-lo quando todos querem o mesmo tipo de contrato.

2º: Mercado de balcão:

Utilizado nos contratos a termo e swaps, uma vez que estes contratos são geralmente escritos de forma personalizada de modo que atenda as necessidades dos negociantes. Obviamente estes contratos não possuem liquidez, pois não satisfazem as necessidades de todos os participantes do mercado.

Sobre suas funções, os derivativos possuem basicamente três básicas.
  • Hedge = quando alguém busca proteção frente seus negócios.
  • Especulação = quando o negociante busca rentabilidade nas variações dos preços dos ativos
  • Arbitragem = quando alguém busca racionalizar os preços dos ativos.
Os derivativos mais comuns e utilizados são:

1) Swap:

Uma das principais funcionalidades da swap (que no inglês significa troca ou permuta) é o hedge, já explicado anteriormente. Sua negociação implica troca de rentabilidades entre as pontas (compradora e vendedora) e troca de riscos.

O contrato de swap é uma aposta entre as pontas, quando cada uma acredita que determinado índice vai cair contra quem acredita que ele vá subir. Você pode trocar rentabilidades entre dólar, índices de bolsa (ibovespa), CDI, Inflação (IPCA/IGPM) e etc..

Exemplo de Swap:

Uma empresa exporta carne para os EUA e tem sua receita em dólar. No entanto, como produz carne aqui no Brasil, todos os seus custos são em reais. Com medo de que o dólar caia e consequentemente ela receba menos de receita, a empresa faz um swap de dólar x Selic para se proteger.

Ela aposta 20 milhões de reais em dólares + 5% a.a. (o dólar está a R$ 1,80) contra a Selic (11% a.a.) em um contrato de um ano. Após este ano, o dólar foi para R$ 2,05 e a Selic para 12%. Nessa operação quem pagou a quem? O apostador em dólar ou o em Selic?

(Clique na imagem abaixo para ampliar)

No exemplo acima, a ponta em dólar teve um saldo positivo maior do que a ponta em Selic, sendo assim ela realiza o ajuste do swap pagando para a ponta em Selic a diferença.

Os contratos podem também ter garantia, ou seja, para realizar o contrato antes você deve depositar na Bovespa uma quantia proporcional ao valor do contrato para que caso você não honre o contrato seja utilizada a garantia.

2) Mercado a termo:

É a compra ou venda de um contrato com data de liquidação (vencimento) futuro. Neste contrato podem ser negociados ativos reais (soja, feijão, café) ou ativos financeiros (dólar, CDI) por um preço determinado.

Um exemplo muito comum é o contrato de mercado a termo de commodities. Vejamos…

Exemplo de Mercado a termo (commodities):

Um produtor de soja vai começar a plantar e já quer vender toda a sua safra no mercado futuro de modo que tenha um comprador garantido para o que ele vai produzir. Deste modo ele faz um contrato a termo que especifica que quer vender 100 sacas de soja por R$ 60,00 no fim de um ano, um preço que ele acha razoável.

Já um processador de soja acha que o preço da soja daqui um ano estará mais caro e para se proteger deste aumento compra o contrato do produtor.

Eles combinaram uma data, uma quantidade de soja e um valor a ser pago por elas, então quando este contrato vencer o produtor receberá os R$ 60,00 por saca, mesmo que a soja tenha saltado para R$ 90,00 (vale o mesmo caso a soja caia para R$ 40,00).

Os contratos de mercado a termo servem como proteção (hedge) para quem quer vender e receia que o valor possa cair, enquanto que para quem compra podemos atribuir o papel de hedge, se ele está pensando em se proteger do aumento dos preços (como fez o processador) ou como especulador, caso ele pegue as sacas a R$ 60,00 e imediatamente as venda por R$ 90,00, embolsando o lucro.

Exemplo de Mercado a termo (ativos financeiros):

Também existe o contrato a terma para ativos financeiros, como o dólar. Por exemplo, uma empresa terá que pagar uma dívida de US$ 10.000,00 (dez mil dólares) no final do semestre e quer se proteger de um aumento no dólar que hoje está a R$ 2,00. Comprando um contrato a termo a empresa “congela” o valor a pagar por um dólar em dois reais.

No final do semestre, se o dólar subiu para R$ 2,10 e sua dívida subiu para R$ 21.000,00 (pois são 10.000 dólares a R$ 2,10). Como minha dívida subiu, porém meu contrato travava a cotação do dólar, eu receberei R$ 1.000,00 de compensação pelo aumento da taxa do dólar e somarei o que já tinha para pagar os US$ 10.000,00 (R$ 20.000,00 = R$ 1.000,00).

Mas e se o dólar cair a R$ 1,80? Então precisarei de menos reais para pagar os US$ 10.000,00. Nesse caso, minha dívida cai para R$ 18.000,00 porém como travei o dólar a R$ 2,00 eu pagarei os R$ 2.000,00 de diferença para o vendedor do contrato a termo (que arriscou que o dólar ia cair, o contrário de você) e ficarei com a dívida nos mesmos R$ 20.000,00 do fechamento do contrato.

No fundo, você precisa ajustar, pagando ou recebendo, a diferença do contrato para que no fim você realize o que determinou na compra do contrato a termo.

3) Mercado futuro:

Muito parecido com o mercado a termo, a diferença nos contratos de mercado futuro é a forma como se dá o ajuste nas diferenças expostas nos exemplos acima. No mercado a termo o contrato só é ajustado quando chega a data acordada entre as partes, enquanto que no mercado futuro esta diferença é corrigida dia a dia.

No exemplo da dívida de US$ 10.000,00, ao invés de pagar a diferença para mais ou para menos no vencimento do contrato, você pagaria ou receberia a diferença diariamente de acordo com a cotação do dólar.

Se o dólar subisse você receberia alguns centavos no dia, e caso caísse você desembolsaria alguns centavos também. No fim das contas o processo é o mesmo, porém o ajuste ocorre de forma diária.

Outra diferença é que como os contratos futuros possuem padronização e datas de vencimentos registradas na Bovespa. Uma vez que ele é padronizado, ele atende a demanda de muitas pessoas e por isso se torna líquido.

Como dito sobre as possíveis garantias nos contratos a termo, os contratos futuros possuem garantias obrigatórias que devem ser registradas na Bovespa para mitigar o risco de calote na operação.

Então é isso. Agora que você já conhece os tipos de contrato de derivativos pode tentar a sorte, mas claro, com muito cuidado e prudência. Se gostou não deixe de compartilhar com os amigos!

Até a próxima!

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