CRISE NA PETROBRÁS – SERIA ELA A NOSSA ENRON?

Tempo de leitura: 6 minutos

Se você abriu qualquer jornal nestes últimos meses com certeza deu de cara com uma notícia que não sai de cena há muito tempo: a operação Lava Jato e a corrupção na Petrobrás.

Poderia a corrupção (independente de partido) acabar com a maior promessa de empresa brasileira? A empresa que até ontem era uma das mais valiosas do mundo, poderia ter seu valor e imagem destruídas pela intromissão estatal nelas?

Para responder essas perguntas, vamos ao artigo:

O caso Enron.

Com uma dívida astronômica de mais de US$ 13 Bilhões, a Enron é talvez o maior caso de fraudes em uma empresa americana, que levou junto milhares de investidores, empresas parceiras e uma das cinco maiores auditorias do mundo, a Arthur Andersen.

A Enron começou como uma empresa de energia (elétrica e gás) e depois diversificou seus negócios para a telecomunicação, internet, derivativos climáticos dentre outros, tendo no auge de sua história atingido facilmente um faturamento maior do que 100 Bilhões de dólares.

Com um sucesso arrebatador, muitos investidores individuais queriam surfar na onda de crescimento da empresa e compraram suas ações que com a alta demanda chegou aos US$ 85,00. Mas como tudo que sobe desce, uma fraude gigantesca fez a empresa perder toda a confiança perante o mercado, jogando a ação a meros centavos.

Enron, do céu ao inferno.

Lucros estrondosos, pagamento de dividendos enormes, rentabilidades assustadoras. Não tardou muito para tudo isso chamar a atenção da SEC (a CVM americana). Com o início das investigações, foi descoberto um rombo enorme nas contas da empresa que, em curtas palavras, reduzia seu valor a pó.

A fraude estava no modo de contabilização que a empresa realizava em seus números. Com uma técnica contábil chamada mark to Market, a Enron registrava em seus números mensais um valor que deveria ser registrado em contratos de longo prazo, ou seja, ela dizia que estava ganhando hoje uma coisa que ela só receberia depois de muito tempo. O resultado disso é óbvio, números inflados com valores que a empresa sequer tinha recebido.

Um dos calcanhares de Aquiles da empresa foi mexer com o bolso do governo. Com altos lucros, mas pagando poucos impostos (por conta da técnica contábil) a empresa chamou a atenção do governo que quis entender melhor o que a empresa estava fazendo.

Deu-se o início do fim!

Com a derrocada das ações e com as perdas começando a aparecer no balanço, a Enron não conseguiu suportar suas operações e acabou pedindo falência em Dezembro de 2001.

Junto dela, milhares de investidores e até os funcionários perderam todas suas economias. Uma das maiores empresas de auditoria também perdeu sua reputação. A Arthur Andersen, que compunha o grupo das “Big five” empresas de auditoria era a responsável pela conferencia e veracidade dos números da Enron.

Quando a empresa começou a ruir, a Arthur Andersen tentou destruir provas que comprovavam seu envolvimento nas fraudes cometidas.

O caso Petrobrás

O mérito deste artigo não é explicar o que a Petrobrás produz, quando foi fundada ou quem trabalha nela. O assunto aqui é apenas um: como a corrupção e fraudes podem destruir empresas.

No caso da Petro, a operação lava-jato descobriu um dos maiores esquemas de corrupção já vistos no país, com milhares de envolvidos diretamente na administração da empresa tendo desde propinas à funcionários, passando por superfaturamento em contratos e esquemas de desvios de dinheiro.

Entendendo a operação:

Tudo começou em março de 2014, ano que a Policia Federal (PF) iniciou uma investigação em postos de gasolina sobre um esquema de lavagens de dinheiro.

Durante as investigações um homem chamado Alberto Youssef e outro chamado Paulo Roberto Costa (este ex-funcionário da Petrobras) foram indiciados e delataram diversos problemas referentes à empresa. A PF meio que sem querer esbarrou no esquema de corrupção que irrigava os caixas de partidos como o PT, PP e o PMDB com dinheiro desviado dos caixas da Petrobrás.

Inúmeras denúncias vêm deteriorando o valor da empresa, uma vez que os investidores não tem mais certeza se aquilo que está nos números corresponde à verdade. Para piorar, a empresa que realiza a auditoria da Petro se recusou a assinar o balanço do terceiro trimestre de 2014 por exigir que a empresa realize diversos ajustes. A tempestade perfeita está se formando e isso pode levar à ruinas a maior empresa brasileira.

Vide os problemas da empresa:

1 – Os contratos da Petrobrás estão nas mãos das empresas que foram acusadas de pagamento de propinas, superfaturamento de obras e formação de cartel. Caso a justiça condene estas empresas, os contratos terão que ser revistos e paralisados, o que pode atrasar muito o cronograma de investimentos da empresa.

2 – Um dos principais investimentos da empresa, a exploração do pré-sal, está ameaçado devido à queda do preço internacional do barril de petróleo, hoje em torno de US$ 60,00 por barril. Alguns estimam que abaixo de US$ 50,00 o investimento no pré-sal se torna maior do que o retorno que este projeto pode trazer. O problema é… o governo irá paralisar o projeto na metade e deixar de lado todos os custos que já ocorreram até agora?

3 – Com diversas denúncias de corrupção no mundo inteiro, órgãos como a SEC (nos EUA) iniciaram investigações próprias para apurar o tamanho do problema. Caso o governo americano encontre evidências suficientes, as ações da Petrobrás que são negociadas lá podem ser banidas, o que diminuiria imensamente a liquidez da ação e a fonte de captação no exterior (que geralmente é mais barata).

4 – As empresas classificadoras de rating já apontaram que estão estudando a empresa e que caso sejam encontrados ponto de risco, a nota da Petro será rebaixada e isso acarreta em diversos problemas: a) muitos fundos de investimentos só podem aplicar seu dinheiro em ações de empresas com boas notas em ratings, obrigando assim estes fundos a venderem ações da Petrobrás. b) ter seu rating diminuído acarreta em captação de dívidas no exterior e dentro do país mais caras, o que seria ruim para o já debilitado caixa da empresa.

Estes são alguns dos principais problemas que a empresa estará enfrentando nos próximos meses e que nós estamos torcendo para que sejam resolvidos.

Esperamos que todo esta formação criminosa seja punida e excluída da empresa para que então a Petrobrás possa novamente ser a empresa de respeito que sempre foi. Se gostou não deixe de compartilhar com os amigos!

Até a próxima!

5 Comentários


  1. Os criminosos tem que ser punidos, mas duvido que todos, os envolvidos em corrupção serão realmente penalizados.

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  2. Boa noite,

    Estou fazendo um estudo de caso para o meu tcc sobre a empresa Enron. Encontrei na internet esse artigo muito interessante que faz a comparação das duas companhias. Muito bom ler o que você escreveu. Caso tenha algum palpite sobre o que falar no meu tcc em relação a empresa Enron ficarei agradecida!

    Abraços.

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    1. Olá Tai!

      Ficamos muito felizes em contribuir com o conhecimento das pessoas! Espero que seu TCC tire a melhor nota!!
      Sobre a dica do que abordar, vale sempre a pena falar sobre como a empresa Enron fraudou seus números contábeis e como isso impactou no preço de suas ações!

      Continue acompanhando o blog para mais dicas e histórias interessantes!

      Abraços!

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      1. meu nome e osvaldo vidal, estou cursando administração publica na univercidade do estado da bahia[uneb] gostaria de saber em sua opinião que tipo de diferenca entre a petrobras enron e que deveria ser feito para defender a petrobras estou fasendo um trabalho sobre esse assunto desde de ja obrigado pela sua atenção.

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        1. Olá Osvaldo!

          Acho que o ponto principal para que a Petrobrás possa ser novamente uma empresa lucrativa e próspera é diminuir a influência política em sua administração, onde temos observado diversos exemplos onde preços foram controlados, investimentos mal realizados, cortes orçamentários e etc..

          Somente com uma gestão profissional e sem vieses políticos é que uma empresa do porte da Petrobrás pode ser novamente uma grande empresa petrolífera.

          Abraços.

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