MONTANDO UMA CARTEIRA DE AÇÕES? PARTE 2

Tempo de leitura: 6 minutos

Dando continuidade à nossa minissérie especial sobre como montar uma carteira de ações e também a gestão de risco em carteiras de investimento, vamos ver na parte dois como se prevenir de eventuais prejuízos de uma carteira com diversos ativos.

Antes de começarmos, confira a parte 1 clicando aqui para não ficar por fora do que estamos falando! Vamos lá.

Gestão de risco, o tal do BETA.

Na semana passada vimos como a diversificação pode salvar um investidor do prejuízo quando o mercado de ações está caindo. Um resumo do que dissemos sobre diversificação é:

A imagem acima nos mostra que, quanto maior a quantidade de ações na minha carteira, menor o risco que eu corro, uma vez que diversificando meus riscos, caso o mercado apresente uma queda, nem todas as minhas ações irão cair e assim diminuirei meu prejuízo.

No artigo de hoje, vamos ver o que faz a cotação de uma empresa cair ou subir junto com as demais ações medidas pelo índice da bolsa, no caso brasileiro o IBOVESPA. Vamos à explicação.

Os riscos dos investidores

Conforme dito no primeiro artigo sobre como montar uma carteira de ações, quando compramos uma ação estamos comprando um risco, pois as ações estão suscetíveis aos riscos de todo investimento. Mas afinal, quais os riscos que uma ação possui?

a) Risco único: quando determinado fator afeta somente uma empresa ou um setor específico, por exemplo, a falta de chuvas afeta principalmente as empresas hidrelétricas e as empresas de saneamento de água. Já se o governo diz que irá cortar a verba pública para o FIES, as empresas do setor de educação são afetadas.

b) Risco de mercado: quando todo o mercado é afetado por alguma condição, por exemplo, a inflação que pode diminuir as vendas das empresas varejistas, as de carros, as de remédios, as de bens eletroeletrônicos e etc. O risco de mercado afeta todo o sistema , por isso é conhecido como sistemático.

O risco único pode ser minimizado uma vez que só atinge algumas empresas. Nesse caso, a diversificação em empresas de diferentes setores faz com que sua carteira esteja protegida. Já no caso de risco sistêmico não há muito que fazer, uma vez que ele irá causar estragos em todo o mercado.

No caso de um risco sistêmico, a maioria das ações do IBOVESPA vai cair, uma vez que ele mede a variação de grande parte do mercado. Nessa situação, como faço para saber se a minha cesta de ações está protegida? Quanto ela irá cair também em relação às demais empresas disponíveis? Para responder essa pergunta, nós utilizamos o índice BETA.

Índice BETA, o termômetro.

O índice BETA (conhecido pela letra grega β) é um famoso indicativo utilizado no mundo todo pelos analistas de investimentos que nos mostra a relação que determinada empresa tem com o índice que ela segue. A pergunta que o BETA nos faz é o seguinte:

Qual a sensibilidade ao IBOVESPA que a ação ABCD3 possui?

Sensibilidade é quanto determinada ação varia de acordo com a variação do próprio IBOVESPA. Uma alta sensibilidade faz a ação subir ou cair mais do que o IBOVESPA, uma sensibilidade média faz a ação subir ou cair junto do IBOVESPA e uma sensibilidade baixa faz a ação cair ou subir sem muita relação com o IBOVESPA. As sensibilidades são medidas em:

  • O β maior que 1,0 = alta sensibilidade
  • ou β igual a 1,0 = média sensibilidade
  • ou o β menor que 1,0 = baixa sensibilidade

Mas como se calcula o tal do BETA (β)?

Este é um cálculo relativamente complexo, por isso preste atenção! Vamos ao passo a passo.

1º: Calcula-se a fórmula de Sharpe:

Utiliza-se o retorno da Renda Fixa como base para comparação da rentabilidade das demais ações. Mas por que o da renda fixa? Simples, como a renda fixa é o mínimo que um investimento de baixo risco rende ao investidor, espera-se que a ação obtenha ganhos superiores à renda fixa.

Ganho da ação – ganho da renda fixa = ganho líquido.

No exemplo acima, subtraindo-se o retorno bruto das ações GATO, PATO e FOGO do retorno da Renda Fixa (10%), temos os retornos líquidos 1%, 4% e 8% respectivamente. Agora é necessário verificar qual o retorno médio do mercado, ou seja, o IBOVESPA. Vamos utilizar como exemplo o retorno de 15% para o índice.

Temos assim três termos importantes para lembrar:

RI (return of investment): retorno do investimento, no caso a nossa ação.

RM (return of Market): retorno médio do mercado (IBOVESPA).

RF (risk free): retorno da renda fixa.

Vamos ao cálculo:

A fórmula do BETA é fácil de entender. Calcule o retorno da ação menos o retorno da renda fixa. Agora pegue o retorno do IBOVESPA e subtraia da renda fixa. Pegue ambos os resultados e dívida o primeiro pelo segundo, pronto… você tem seu BETA.

No exemplo da ação GATO3 o retorno dela foi de 11%, menos o retorno da renda fixa de 10%, restando 1%. Na parte de baixo da equação, temos o retorno do mercado (IBOVESPA: 15%) menos o retorno da renda fixa (10%), chegando a 5%.

Um dividido por cinco é igual a 0,2… sendo esse o seu número BETA.

2º: Mas para que eu uso esse 0,2?

Lembra-se da medição que informamos anteriormente? O BETA β maior que 1,0 = alta sensibilidade, o β igual a 1,0 = média sensibilidade e o β menor que 1,0 = baixa sensibilidade. Nesse caso, a ação GATO3 possui baixa sensibilidade às variações do mercado.

Conclusão: quando o mercado (IBOVESPA) subir 1% espera-se que a nossa ação GATO3 suba 0,2%.

E se o mercado subir 10%? O GATO3 sobe 2% e assim por diante. O mesmo serve para quedas… se o mercado cair -10%, minha ação só cai -2%.

DIVERSIFICAÇÃO, DIVERSIFICAÇÃO, DIVERSIFICAÇÃO!

Para montar uma carteira de ações, você pode calcular o BETA de cada uma delas e escolher algumas com BETA alto, outras com BETA médio e por fim mais algumas com BETA baixo. Desse modo sua carteira vai ficar protegida e atrativa ao mesmo tempo quando houverem variações bruscas no mercado.

Chegamos assim ao fim desses dois artigos que demonstraram como diversificar sua carteira de investimentos!

Espero ter te ajudado a investir melhor!

Até a próxima!

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