JUROS – A HIERARQUIA DAS TAXAS.

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É muito comum quando estamos estudando economia monetária e instrumentos de política monetária nos depararmos com diversos nomes de taxas de juros.

Taxa DI, CDI, Selic, taxa basica de juros, juros rotativos, juros sobre juros…

Sim, são tantos nomes que as vezes nós podemos confundir o que está sendo dito e o pior, usar a taxa errada para calcular algo. “Será que meu investimento está rendendo o CDI ou a SELIC?”, “Como eu descubro quais os juros estou recebendo? E quais juros eu estou pagando?”

Para entender a diferença entre estes tipos, este artigo vai ensinar quais são os tipos de juros e a sua hierarquia! Vamos lá.

(Obs: nós já explicamos o que são juros neste artigo aqui e nesse vídeo aqui. Recomendamos que antes de você ler sobre os diferentes tipos de juros, você entenda antes o que SÃO os juros).

RISCO x RETORNO

Resumidamente, juros são o valor do dinheiro no tempo. Numa equação rápida, o valor que recebemos de juros em um investimento, por exemplo, advém basicamente de 2 itens:

  • Por quanto tempo vou emprestar este dinheiro;
  • Para quem vou emprestar esse dinheiro;

Se os juros são o valor do dinheiro no tempo, quanto mais tempo eu for emprestar meu dinheiro e deixar ele com outra pessoa ou empresa, maior vai ser o juros que eu vou exigir, afinal, eu não sei como será o futuro e já que eu estou deixando de usar meu dinheiro hoje para emprestar para outrem, eu vou exigir um maior retorno.

Além disso, para quem eu estou emprestando também faz total diferença. Se eu estou, por exemplo, emprestando dinheiro para o dono da padaria da esquina da minha casa, eu com certeza vou exigir um maior retorno do que se eu estivesse investindo em ações da Petrobrás, uma empresa nacionalmente reconhecida,

Quem tem mais chances de “quebrar” e não devolver meu dinheiro. A padaria da esquina ou a Petrobrás?

Então quanto maior o risco… maior o retorno exigido (os juros que eu vou exigir para investir meu dinheiro ali).

Atenção: a lógica acima vale também quando estamos pedindo um empréstimo. Quanto maior/menor for o tempo que eu vou precisar do dinheiro e quanto melhor/pior pagador eu for, maior ou menor serão os juros cobrados de mim.

A HIERARQUIA DOS JUROS

Entendido isso, vamos agora pensar juntos.

Quem é a instituição que teoricamente é a mais segura dentro de um país? A resposta é: o próprio país.

Se o governo (Estado nacional) quebrar, significa que a situação está tão ruim que, provavelmente, todas as outras empresas e instituições menores já quebraram antes e o pais está economicamente falido.

Então pegando a nossa lógica lá de cima, se o governo é a instituição de maior segurança quando emprestamos dinheiro para ele, receberemos uma taxa de juros reduzida.

(É possível “emprestar” dinheiro para o governo através dos Títulos Públicos de Dívida, o famoso Tesouro Direto).

Então na nossa pirâmide hierárquica, temos no topo o governo:

SELIC

A taxa de juros que o governo aplica nos seus empréstimos tem como base a taxa Selic (nós já falamos sobre a Selic aqui e aqui), que é a taxa de juros cobradas em operações de baixo risco.

CDI

Abaixo da Selic, nós temos a CDI (ou DI) que são os Certificados de Depósito Interbancário, ou seja, os empréstimos que os principais bancos de um país realizam entre eles com base na SELIC.

(Para entender como e o porque os bancos emprestam dinheiro entre eles clique aqui).

Quando os bancos emprestam dinheiro entre si, eles têm uma série de garantias para o caso do tomador quebrar e, portanto, esse empréstimo é também bastante seguro. No entanto, como estamos falando de duas instituições privadas, ainda sim há um risco envolvido, sendo esse risco maior do que o governo, por isso o valor de juros “cobrados” na operação é maior.

% DO CDI

O próximo nível da pirâmide seria o “% do CDI”. Uma vez que o CDI só é feito entre bancos, nós pessoas físicas e as demais empresas jurídicas (que não são bancos) não tem acesso à eles (tampouco à Selic).

Dessa forma, quando nós investimos nosso dinheiro em um CDB, uma LCI ou quando tomamos um empréstimo, nós recebemos/pagamos um percentual dos juros que os bancos trocam entre si.

Se, por exemplo, ao investir temos um CDI atual de 10% a.a. (ao ano), cada percentual representa um valor diferente:

  • 100% do CDI: 10% a.a.
  • 90% do CDI: 9% a.a.
  • 150% do CDI: 15% a.a.

Lembrando da lógica que: i. quanto maior o tempo maior o retorno exigido e ii. quanto maior o risco, maior o retorno exigido.

É por isso que quando vamos investir (ou tomar um empréstimo) existem diversas taxas disponíveis. Cada uma representa um diferente tipo de risco para cada tipo diferente de retorno.

(Descubra qual a tríade Risco x Retorno x Liquidez clicando aqui).

OUTRAS TAXAS

Além da Selic (e o % da Selic), do CDI (do seu %), há também diversos outros tipos de taxas.

As apresentadas acima são as principais que você verá no mercado, porém existem muitas outras como investimentos atrelados ao IPCA (inflação oficial brasileira) bem como outros índices de inflação), taxas de determinados setores específicos, dentre outras.

A cada dia novas taxas e métodos de precificação são criados! Se você ficou com dúvida de algum comente abaixo!

Então é isso. Agora você sabe os diferentes tipos de juros e qual sua hierarquia.

Se gostou, não deixe de compartilhar com os amigos…

Até a próxima!

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